terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dias Frios.

Era só mais um dia frio de domingo. Mais um dia em que eu costumava sair sem destino pela cidade, à procura de algo que eu nunca entendi o que era.
Em meio a passos naquela rua úmida eu vi a minha infância, passando em flashes de momentos bons e ruins.
Me vi ali, naquele velho quarto e pude ainda sentir o cheiro de bolor das coisas velhas de meu pai. Eu estava brincando com meu humilde carrinho de madeira, à espera de que mamãe me chamasse para a ceia.
Não, não havia ceia.
Mamãe chorava à espera que papai voltasse, mas ele não voltaria, ele a deixara, e pior ele nos deixara.
Senti então um vento frio e fumaça das lembranças, eu quase havia sido atropelado, pela minha distração, pela dor de meu coração, pela falta que tinha do passado, mesmo que ele não tivesse sido um modelo de passado.
Sentia, ainda, falta dos meus pais. Sentia, ainda, falta de quando eu tinha a orientação de alguém, de quando eu me sentia querido.
Eu talvez estivesse invadindo o quintal das lembranças e então vi que minha vida virara uma calamidade, pois acho que notei que eu ainda queria colo.
Olhei o relógio e a hora tinha passado tão rápido, já era tempo de voltar pra casa, encher-me de cobertas, tomar um chocolate quente e apagar.
Quem sabe eu não acordaria com mais ânsia de viver ? Quem sabe não deixaria de lado esses pensamentos que só me afetam em dias frios ? ..

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Pra aquela que sempre está comigo nos meus ilusórios dias frios, Mariana, eu te amo amiga.

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